segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sociologia Jurídica (05/09/2011)

Bourdieu
  Diz que os franceses são frequentemente bombardeados com idéias, com dados estatísticos. Estão frente a uma nova doxa (sistema de crenças) que busca se mostrar como uma mensagem universalista de liberdade, até porque ela se expressa através de metáforas, eufemismos, e isso procura passar a ideia que o Estado Social é rígido, então devem desregularizá-lo. Na França os meios de comunicação se referem a patronato, a empresariado, e para noticiar o desemprego de muitos trabalhadores dizem que as empresas tiverem um ato corajoso de "cortar gorduras" (fazendo relação com o corpo humano, que precisaria eliminar gorduras para ser saudável). Procura chamar atenção porque o Welfare State começou a ser atacado, e para o sistema de crenças se tornar real demorou, não foi algo feito da noite para o dia, então a ideologia neoliberal foi longamente elaborada, e os jornalistas participaram disso de uma forma passiva, e os intelectuais participaram de forma ativa (tão ativa que ficou difícil de achar na França intelectuais engajados, e sim encontavam intelectuais descolados).
  "A televisão é o espelho de Narciso dessa nova intelectualidade (descolada)."
  Deviam começar a elaborar uma defesa para defender o Estado, e se reconhece que não é a defesa do Estado Nação, e sim do Estado pelo que ele tem de mais universal (as políticas de caráter universalista, ou seja, a educação, a alimentação, etc).
  Bourdieu diz que ao fazer a defesa do Estado temos a ideia clara de que ele é ambíguo, então torna-se livre dos interesses, e cada vez mais terá uma concentração de conquistas sociais. Os ministérios não caíram do céu, não foram alvos que foram cedidos, e sim representam uma longa história de reinvidicações e conquistas. Na defesa do Estado houve uma serie de conquistas.
  "Quando os ingleses thatcherizados olham para o continente, percebem que resistiram menos que os trabalhadores do continente, pois possivelmente os ingleses não conheciam o direito de trabalho definido pelo Estado, ou seja, o próprio direito do trabalho que deriva da Commom Law. Então os trabalhadores puderam dizer os seus direitos, mostrando as regras, eles tinham um direito definido no Estado, e o os ingleses não os conheciam." De fato o Estado existe na relatividade objetiva, existente sempre que ingressamos num posto de saúde, ou entramos num tribunal, e nos deparamos com o Estado (que existe numa realidade objetiva, mas também podem existir subjetivamente, como "vocês não podem fazer isso comigo"). Esse sistema de crenças mostra como de fosse uma mensagem universalista de libertação, mas na verdade não é!
  A crise existe, mas não foi criada por um Estado nervoso, ou agitado, pois não existe Estado nervoso ou agitado, essas são características de pessoas, e não de coisas. Busca coisificar os humanos, e dar características humanas às coisas.

  A violência tende a ser uma violência cotidiana, que se manifesta em taxas de homicídio, etc. Hoje é mais facil prolongar a juventude (fazendo pós-graduação, mestrado) do que gerar novos empregos. Há uma violência produzida pelos mercados financeiros, e se traduz como uma violência cotidiana.
  O sistema de crenças também pressupõe uma pedagogia, e ela busca produzir algo para a sociedade funcionar de forma correta, e procura desenvolver a crença de que o êxito ou o fracasso do indivíduo depende unicamente do próprio indivíduo. E significa que se desenvolve uma crença muito comum, uma crença entre vencedores e perdedores. Se de fato essa concepção neodarwinista se concretizar, teremos consequências inevitáveis, porque se o êxito depende só dos indivíduos, e não das instituições (e nessa sociedade há uma arma), não é um direito, e sim uma obrigação, assim, necessariamente haverá uma multiplicidade de Columbine (incidente nos EUA que alunos entram armados numa escola e matam colegas e professores), e isso virou algo do dia a dia.
  Esse sistema de crenças busca apresentar-se como a única alternativa, e todos os intelectuais (interessados em preservar os valores que representam o processo civilizatório) devem necessariamente fazer o precesso de proteção do Estado. Para preservar as conquistas desse processo civilizatório temos que fazer a proteção do Estado, não porque acreditam que o Estado é absolutamente neutro.

Questões no estilo das que cairão na prova do dia 12/09:

A - 1ª correta e 2ª falsa
B - 1ª falsa e 2ª correta
C - Todas as alternativas estão corretas
D - todas as alternativas estão incorretas

1) Segundo Lênin, em "As Bases Econômicas para a Extinção do Estado": (C - 2 corretas)
1ª Na fase inferior do comunismo, a exploração do homem pelo homem torna-se impossível. Não há propriedade privada dos meios de produção, então fica realmente impossível a exploração do homem pelo homem.
2ª Na fase inferior do comunismo, o proletariado usa o Estado em nome da repressão.

2) Segundo Bourdieu, em "o mito da mundialização e Estado social europeu": (D - 2 erradas)
1ª O neoliberalismo é uma mensagem universalista de libertação. Sempre apresentaram o Welfare State como uma ameaça, e prepararam a sociedade para um retorno de uma política mais dura. Queriam restaurar a ordem anterior.
2ª Os intelectuais participam passivamente da elaboração da doxa neoliberal. Ativamente

A 1ª opção da questão número dois ficaria correta assim: O neoliberalismo apresenta-se como uma mensagem universalista de libertação. Ele só se mostra com uma mensagem de libertação, mas não é!

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