sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Criminologia (09/08/2013)



O direito é o que a sociedade está impondo, mas para nós direito é o que está escrito na lei e o juiz é escravo da lei.
A tradição europeia sempre tratou o crime como secundário, onde o crime é tão sujo que deveria matar o criminoso e pronto!
O crime está inserido no contexto social, senão tem contexto social a que ele se insere, não há crime! No Brasil há muita gente que está na prisão e na verdade é um doente mental, que deveriam ser tratadas muito antes de serem punidas, é um problema de atitude! Não podemos punir o tempo todo quando muitas vezes a questão não é essa! Cada vez se prende mais, cada vez mais a comunidade carcerária aumenta e não diminui o crime, então simplesmente punir não é suficiente.
A prevenção é a 1ª das propostas certas da criminologia. A criminologia não é uma ciência porque busca intervir. A ciência se atém apenas ao esclarecimento, não é prática, que usa os dados da ciência para conseguir determinados efeitos, mas não está ai para explicar nada. O penal não explica o crime, é só uma técnica de intervenção para produzir determinados efeitos.
Porque a ação do direito não produz, muitas vezes, o efeito desejado? Essas respostas não estão no direito. Se o objeto o direito é a sociedade, como o jurista não vai conhecer seu objeto? As pessoas se concentram nas situações jurídicas, e muitas vezes há problemas com o seu objeto. Essas respostas estão no trabalho da sociologia. O direito também é interdisciplinar.

Por isso que há a pergunta: Sociologia do Crime?
- A sociologia não admite a possibilidade de uma Criminologia, pois de seu ponto de vista, o crime é apenas mais uma entre as muitas práticas sociais. A reprovação moral do grupo não destaca esse fenômeno social dos demais.
- Por esse enfoque, somente é possível uma “Sociologia do crime”, a qual estuda esse objeto como fenômeno social, individual e coletivamente, sob todos os pontos de vista, sem julgamentos morais ou pretensão de intervir, buscando a compreensão e a explicação desse objeto, em proveito de todos.
* Prática social é tudo aquilo que o grupo faz para tornar viável a convivência, como, por exemplo, o casamento, porque daí evita estupro, problema entre as famílias, uma série de questões jurídicas, etc, não somos obrigados a formalizar isso, mas dai embarcam no reconhecimento da união estável, que é até pior que o casamento! Todas as práticas sociais para a sociologia são iguais! Se o casamento/direito de família são para evitar problemas, o crime também é. Por exemplo, a questão da guerra, quem é contra a guerra em qualquer circunstância? A guerra é uma maneira de permitir o crime, por exemplo, o soldado que mata 70 pessoas numa guerra é um herói, mas um indivíduo em condições normais da sociedade e mata 70 pessoas não é um herói! Não é uma questão simples tratar o crime! Não vai ser a emoção em torno disso que vai tornar esse tipo de prática mais importante que as outras. O objeto não pode ser visto por uma ótica emocional, porque ela não nos leva a nada. A sociologia é amoral, não diz quem está certo ou errado, mas não diz que ela foi conivente com o crime. Mas se não tiver um pensamento neutro sobre o objeto, não terá valor científico nenhum! Por exemplo, se um gremista for escrever sobre o Grêmio, não vai ter valor científico, nem um colorado escrever sobre o Inter, tem que pegar alguém que não goste de futebol para escrever sobre isso! Julgamento moral é dizer se está certo ou errado, se gosta ou não gosta. Como pessoas civis pode-se ter julgamentos morais, mas quando vai trabalhar, não! O normal é uma pessoa tomar decisões, a atitude cientifica é anormal! O pesquisador é uma pessoa que não tem uma postura normal. Quem são os humanos para estudar os próprios humanos? Não somos autorizados do ponto de vista metodológico, mas como não tem mais ninguém para fazer isso, temos nós mesmos que fazer! Quem não está envolvido com o objeto consegue trabalhar com ele melhor, pois não está comprometido, então enxerga friamente!

“Homo academicus” – BOURDIEU, Piene

Exemplo:
- Segundo a tese sociológica da normalidade funcionalidade do crime, de Émile Durkheim, normalidade do crime deve-se à sua universalidade, ou seja, o crime é um fenômeno que se observa em todas as sociedades.
- Em segundo lugar, ele vai defender necessidade e a utilidade do crime. Assim, crime mostra os limites da autoridade da consciência coletiva e age como agente da mudança moral.
* O senso comum que faz as pessoas acharem que se a pessoa mata o criminoso, acaba o crime, porque morto não mata ninguém, mas a criminalidade não para por causa disso, isso é estatístico, as sociedades que tem a pena de morte, não diminuem a criminalidade, então se pensar do ponto de vista que não é o senso comum, a pena de morte não diminui em nada a criminalidade. Durkheim fala da normalidade do crime, o senso comum diz que o crime é algo que não deveria acontecer, mas Durkheim diz que o crime é normal, porque todas as sociedades têm crime, então não se pode se iludir que não vai haver crime. A violência faz parte, ela não termina porque ela está na nossa cabeça como um mecanismo de sobrevivência, somos capazes do que for necessário. Só o homo sapiens sobreviveu porque ele é mais adaptável, ele vive em qualquer lugar, come qualquer coisa e faz o que for necessário para sobreviver, inclusive matar o semelhante! O ser humano é o único que mata não só por questões de sobrevivência, mas também política, ódio, porque esse bloqueio na nossa cabeça não existe, diferente dos animais que só matam para sobreviver! Se a pessoa for colocada em questão de algo desespero, ela vai ser capaz de fazer o que precisar. Não há pessoas boas e más, todos têm bondade e maldade, isso é uma questão de julgamento moral, porque um ato que numa sociedade for considerado bom, em outra sociedade pode ser considerado mal, e vice-versa. Ex.: Fumar maconha no Brasil é crime, segundo o CP, mas em alguns lugares não é! A mesma coisa na questão do álcool. Como o crime é útil e necessário? Durkheim diz que o crime é necessário no sentido que o crime resolve algumas questões, por exemplo, o linchamento, o sujeito praticou determinado crime, por exemplo, estupro, choca uma cidade pequena de 25 mil pessoas, a filha de um cara muito conhecido é estuprada, há uma comoção naquele grupo, o cara está na cadeia local, fazem linchamento dele, pode ter até homicídio coletivo. O crime funciona como mola para uma catarse coletiva, onde as pessoas colocam todo seu ódio para fora, tudo aquilo que reprimimos para poder viver em grupo, então por isso que a sociedade quer que aconteça esse tipo de coisa porque isso provoca um alivio nas tensões do grupo. Após o crime o grupo se sente mais unido. Por exemplo, no caso do 11 de setembro, todos se sentiram mais unidos e mais forte depois do atentado, bem ao contrário do que o Bin Laden queria, porque depois que passa o impacto as pessoas se sentem mais integradas.

- O autor define crime como ofensa à consciência coletiva social, o que ocorre com mais frequência quando as normas e condutas impostas no momento já não são legitimas, e se impõe uma alteração, para novas regras e leis.
- Desse modo, o eventual aumento da criminalidade seria um sinal de que o sistema social não está funcionando corretamente.
* Se o Estado não procura se adaptar as tendências sociais, fica para trás, e é capaz de a lei trazer mais problemas que o próprio delinquente.

---> Texto no xerox!

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